AULA 01 (50 minutos) – Introdução ao tema e exibição do filme
- Dinâmica inicial (20 min): Exposição da noção de “Ciclo do Açúcar” contextualizando o século XVII na relação entre Europa-África-América
Durante o século XVII, a colonização portuguesa nas Américas consolidou-se em torno de um modelo econômico baseado na produção e exportação de açúcar, produto de grande valor no mercado europeu e altamente demandado pelas elites urbanas do continente. Esse contexto está inserido dentro do sistema mercantilista europeu que via nas colônias uma extensão produtiva voltada à geração de riquezas para as metrópoles. No caso do Brasil, esse processo tomou forma no chamado “Ciclo do Açúcar”, especialmente nas capitanias do Nordeste (com destaque para Pernambuco e Bahia) onde se estabeleceram complexos produtivos conhecidos como engenhos. A produção açucareira integrava-se a uma lógica tripartite que conectava Europa, África e América: os capitais e técnicas vinham da Europa, os escravizados da África e os recursos naturais e mão de obra eram explorados na América, gerando um sistema intercontinental de exploração e dominação.
Esse modelo produtivo demandava o uso intensivo de mão de obra escravizada, inicialmente indígena e, posteriormente, predominantemente africana. A colonização açucareira brasileira não pode ser compreendida sem a articulação com o tráfico transatlântico de escravos, responsável por transportar milhões de africanos capturados para trabalhar nos canaviais e nos engenhos em condições desumanas. A estrutura social que emergiu desse ciclo foi profundamente desigual, assentada sobre a Casa-grande e a Senzala como espaços simbólicos da ordem colonial, marcados por relações de poder, violência e hierarquia. O objetivo central dessa introdução é permitir que o professor apresente aos estudantes o Ciclo do Açúcar não apenas como uma etapa econômica, mas como um processo estruturante da sociedade colonial, no qual se entrelaçam interesses europeus, a violência escravista africana e a exploração territorial americana, formando um dos pilares do sistema colonial português.
Projeção de imagens no projetor:
- Um mapa triangular (Europa–África–América) destacando o comércio transatlântico.
- Imagens de engenhos, mapas antigos e obras de Debret ou Rugendas que retratam o período.
- Exibição do filme (25 min): Os alunos devem assistir ao filme anotando palavras-chave ou expressões que considerem importantes para entender o funcionamento da sociedade açucareira. Exemplos: “engenho”, “trabalho forçado”, “violência”, “cultura africana”, “resistência”.
AULA 02 (50 minutos) – Analisando trechos específicos do filme
Timecode 01: (5:54 a 8:14)
O filme apresenta a atividade açucareira tendo como base fundamental a mão-de-obra escravizada a partir da lógica de plantation. Apesar da convivência entre trabalhadores negros e nativos, estes primeiros irão predominar largamente, em razão da alta lucratividade do tráfico negreiro. O conceito de plantation, portanto, se origina em grande medida a partir da experiência açucareira no Brasil, principalmente após as invasões holandesas na capitania de Pernambuco, já que estes colonizadores esquematizam de forma muito mais organizada e tecnológica a lavoura de açúcar no século XVII.
TEMA PARA O TRECHO
"O sistema de plantation e a escravidão no ciclo de açúcar nas américas"
As falas das historiadoras Hebe Mattos e Ynaê Lopes nos ajudam a compreender a dinâmica produtiva do século XVII a partir da ideia de sociedade escravista e da escravidão moderna. O que diferencia, portanto, uma sociedade com escravos de uma sociedade escravista? De que forma açúcar e escravidão podem ser entendidos como fatores determinantes para a colonização do Brasil?
Análise do trecho: (15 minutos)
- Realizar uma breve pesquisa sobre o conceito de “escravidão moderna” com os alunos
- Identificar os países no mundo que mais importaram mão-de-obra escrava nos tempos modernos e perceber seus fatores em comum
- Desenvolver o conceito de plantation
- Identificar a experiência holandesa em Pernambuco e suas principais características
- Identificar brevemente quem são as historiadoras do documentário e seus objetos de pesquisa atualmente
Timecode 02: (18:10 a 20:35)
Este trecho apresenta a noção de Engenho de açúcar e sua complexidade interna dividido em diferentes zonas de trabalho e produção. Não se trata apenas da produção de açúcar mas também de outros produtos que serão cruciais para o desenvolvimento do mercado interno e também de outras formas de controle sobre a população escrava que ali vive.
TEMA PARA O TRECHO
“O engenho de açúcar e seu funcionamento”
Análise do trecho: (10 minutos)
Pode ser um bom trecho para a discussão acerca do trabalho rural no período colonial e de que maneira o engenho funcionava enquanto espaço de sociabilidade tanto dos escravizados como também das elites e de suas conexões. A abordagem da Casa Grande em confluência com a Senzala pode ser uma interessante via de análise. A questão do alcoolismo é um ponto importante deste trecho: a cana-de-açúcar produz bebidas alcoólicas que servirão em grande medida como forma de controle e manipulação dos trabalhadores, gerando também um forte mercado interno de cachaça e suas variantes.
- Compreender a variedade de atividades e agentes de trabalho de um engenho de açúcar
- Perceber a atuação de diferentes formas de produção no interior do engenho que escapam da própria noção de plantation
Timecode 03: (21:25 a 24:10)
Neste trecho temos a questão envolvendo os impactos ambientais do açúcar no nordeste com o desmatamento das regiões litorâneas. Logo no início da fala da historiadora Ynaê Lopes, fica clara que a problemática da seca no nordeste é atravessada pela exploração de açúcar desenfreada na região ao longo de mais de 1 século. Também se discute o papel da escravidão como parte constitutiva deste período, sendo fator fundamental para a própria construção do Brasil tal como ele se apresenta atualmente.
TEMA PARA O TRECHO
"A herança açucareira no Brasil"
Análise do trecho: (10 minutos)
A açucarocracia na sua extrema produtividade exacerbada, especialmente no período de competitividade com o açúcar caribenho, temos impactos ambientais em larga escala. Com a crise açucareira a partir de finais do século XVII, o tráfico transatlântico se torna a principal atividade econômica do país, configurando o principal ciclo econômico de nossa História.
- Pesquisar sobre os impactos ambientais na Mata Atlântica brasileira ao longo dos séculos
- Identificar os países da América Central que foram colonizados por França, Holanda e Inglaterra que foram grandes produtores de açúcar nesse período
- A partir da fala que encerra o filme, debater com a turma sobre os impactos do tráfico negreiro na História do Brasil e na atualidade.
AULA 03 (50 minutos)
- Análise de questões do ENEM sobre o tema abordado
Neste encontro os alunos deverão analisar questões do ENEM que abordam os temas discutidos no filme “Colônia – Trabalho e Açúcar”, utilizando os conhecimentos e debates das duas aulas anteriores como subsídio para resolver as questões e também analisando suas fontes.
A questões e os respectivos momentos do filme que se relacionam a cada uma, estão relacionadas ao fim desse plano de aula