Plano de Aula

MUNDO BIPOLAR: A GUERRA FRIA E SUAS CAMADAS NA HISTÓRIA DO SÉCULO XX

Utopia e Barbárie | Documentário | De Silvio Tendler | 2009 | 120 min | SP
20/08/2025
Ensino Médio
Ciências Humanas, Geografia, História
Luisa Müller | Equipe CurtaENEM
Acesse a ficha do filme



JUSTIFICATIVA PEDAGÓGICA


O estudo da Guerra Fria ocupa lugar central na formação histórica dos alunos do Ensino Médio, pois permite compreender a dinâmica política, econômica, cultural e social que moldou o mundo na segunda metade do século XX. Trata-se de um período que não apenas dividiu o planeta em dois blocos ideológicos, mas que também influenciou diretamente processos de independência, ditaduras militares, avanços científicos, movimentos sociais e disputas culturais. Assim, abordar esse tema vai além da compreensão de um conflito geopolítico: significa oferecer aos estudantes ferramentas para interpretar fenômenos que permanecem atuais, como as tensões entre potências, os desafios democráticos e os dilemas do desenvolvimento tecnológico.


COMPETÊNCIAS


Área de Ciências Humanas e Suas Tecnologias



  • Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir de procedimentos epistemológicos e científicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente com relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.

  • Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.

  • Reconhecer e combater as diversas formas de desigualdade e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

  • Participar, pessoal e coletivamente, do debate público de forma consciente e qualificada, respeitando diferentes posições, com vistas a possibilitar escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.


EIXO TEMÁTICO 


Guerra Fria, Movimentos Sociais e Direitos Humanos


TEMA


Guerra Fria, Bomba Atômica, Revoluções



EM13CHS101 - Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
EM13CHS102 - Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
EM13CHS105 - Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/ natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
EM13CHS201 - Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos continentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
EM13CHS202 - Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais.
EM13CHS403 - Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de trabalho próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da opressão e da violação dos Direitos Humanos.
EM13CHS504 - Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.

Questões: Utopia e Barbárie

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  • Compreender a lógica do mundo bipolar estabelecido após a Segunda Guerra Mundial, identificando os principais blocos de poder (EUA e URSS), suas ideologias e formas de influência política, econômica e cultural.

  • Analisar diferentes dimensões da Guerra Fria: militar, científica, social, cultural e ideológica e como esse conflito se manifestou em diversas regiões do mundo.

  • Relacionar os impactos da Guerra Fria na América Latina e no Brasil, compreendendo como golpes de Estado, ditaduras militares e movimentos de resistência foram influenciados pela disputa entre capitalismo e socialismo.

  • Refletir sobre o papel dos movimentos sociais e das lutas por direitos civis (como as experiências de Malcolm X, Angela Davis e a Revolução Cubana) dentro da conjuntura da Guerra Fria, identificando conexões entre política internacional e questões sociais internas.

  • Desenvolver a capacidade crítica de leitura de fontes audiovisuais, relacionando as narrativas apresentadas nos documentários com conteúdos cobrados em exames como o ENEM, em especial nas áreas de Ciências Humanas e Linguagens.



AULA 01 (50 minutos) – Introdução ao tema da bipolaridade



Exposição oral sobre o contexto final da Segunda Guerra Mundial em 1945 e a construção da chamada bipolaridade



O ponto de partida desta sequência é a compreensão de como, em 1945, o fim da Segunda Guerra Mundial reorganizou o mapa político e social do mundo. A vitória sobre o nazifascismo não significou paz duradoura, mas sim o surgimento de novas tensões entre os antigos aliados: Estados Unidos e União Soviética. Cada potência buscava ampliar sua zona de influência, promovendo não apenas projetos militares e econômicos distintos, mas também modelos de sociedade concorrentes, o capitalismo liberal-democrático e o socialismo de orientação soviética. Esse embate ideológico moldaria as relações internacionais por mais de quatro décadas, influenciando diretamente a vida cotidiana de bilhões de pessoas.



Nesse contexto, é fundamental perceber que a chamada bipolaridade não se limitou a um confronto militar ou diplomático, mas constituiu uma rede de disputas políticas, culturais, tecnológicas e simbólicas. O mundo passou a ser dividido em esferas de influência, e cada avanço científico, cada movimento social e cada revolução era lido à luz da competição entre os blocos. 



Projeção de imagens no projetor:



Mapa da Europa em 1945 (antes e depois da guerra)

Mostrar as fronteiras redesenhadas após a derrota da Alemanha e a divisão de territórios ocupados pelas potências vencedoras.



Fotografia da Conferência de Yalta (Churchill, Roosevelt e Stálin reunidos)

Ícone da transição do esforço conjunto contra o nazismo para o início das tensões entre os “Três Grandes”.



Imagem das cidades destruídas (Berlim em ruínas ou Hiroshima após a bomba atômica)

Evidencia o impacto humano e material da guerra.



Fotografia da explosão da bomba atômica em Hiroshima/Nagasaki

Símbolo do poder militar dos EUA e marco inicial da corrida armamentista.



Cartaz de propaganda americana exaltando democracia/liberdade vs. cartaz soviético exaltando socialismo/progresso

Mostra visualmente o contraste ideológico que se tornaria o centro da Guerra Fria.



Primeira reunião da ONU em San Francisco (1945)

Representa a tentativa de cooperação internacional no pós-guerra.

 



AULA 02 (50 minutos) - Exposição sobre a chamada Bipolaridade Clássica. 



Desenvolver as bases do conceito e suas principais características. 



A chamada Bipolaridade Clássica corresponde ao período inicial da Guerra Fria, aproximadamente entre 1945 e 1956, quando o mundo se organizou de maneira mais rígida em torno de dois blocos de poder. De um lado, os Estados Unidos, defensores do capitalismo liberal, e de outro, a União Soviética, promotora do socialismo de matriz marxista-leninista. Essa divisão não era apenas militar, mas também política, econômica e cultural, sustentada por alianças estratégicas como a OTAN (1949) e o Pacto de Varsóvia (1955). O cenário ficou marcado pelo medo da guerra nuclear, pela corrida armamentista e pela intensa propaganda ideológica, na qual cada bloco se apresentava como modelo de progresso e liberdade em oposição ao inimigo.



Nesse contexto, surgiram conceitos-chave que definiram a lógica da bipolaridade: a Doutrina Truman (política de contenção ao comunismo), o Plano Marshall (reconstrução econômica da Europa sob influência americana), a Cortina de Ferro (expressão usada por Churchill para simbolizar a divisão da Europa) e a política de destruição mútua assegurada, na qual a paz era garantida pelo equilíbrio do terror nuclear. A bipolaridade clássica teve momentos de tensão máxima, como o bloqueio de Berlim (1948-49), a Guerra da Coreia (1950-53) e o Macarthismo (1950), mas também abriu espaço para movimentos de contestação e alternativas políticas no chamado Terceiro Mundo. Esse período consolidou a percepção de que o planeta estava “dividido ao meio” e de que toda disputa local podia ser interpretada como reflexo do embate global entre capitalismo e socialismo.



Projeção de imagens no projetor:



Alianças Militares




  • Logotipos ou fotografias históricas de OTAN (1949) e Pacto de Varsóvia (1955).

  • Um mapa-múndi mostrando os países-membros de cada bloco em cores diferentes.



Slide simples com 3 ícones ou imagens representativas:




  • Doutrina Truman → foto de Truman em discurso no Congresso (1947).

  • Plano Marshall → cartaz de propaganda do plano (mãos ajudando a reconstruir a Europa).

  • Cortina de Ferro → caricatura mostrando a divisão do continente europeu.



Crises que marcaram o período




  • Bloqueio de Berlim (1948-49) → foto da ponte aérea com aviões lançando suprimentos.

  • Guerra da Coreia (1950-53) → mapa mostrando a divisão Norte/Sul + bandeiras EUA e China/URSS.

  • Macarthismo (1950) → foto de personalidades que sofreram perseguição ideológica nos EUA (Chaplin, Einstein, Oppenheimer)



 



AULA 03 e 04 (100 minutos) – Projeção do filme



Nesta aula, teremos a exibição do filme para apreciação coletiva da turma



 



AULA 05 e 06 (100 minutos) – Finalização do filme e análise de trechos específicos com questões



Nesta aula os alunos finalizam a sessão do filme e em seguida serão incentivados a refletir sobre trechos específicos de Utopia e Barbárie



 



Timecode 01: (2:34 a 5:05)



Neste trecho vemos o evento que marca o início aterrorizante da bipolaridade: o lançamento das bombas atômicas no Japão e a descoberta dos horrores do holocausto após o colapso da Alemanha nazista. Tais eventos chocam o mundo e demonstram a pior faceta da humanidade até então. Lidar com os traumas desse momento e com todas as questões que emergem no pós-guerra irá marcar o mundo a partir de então.



TEMA PARA O TRECHO



"Os Horrores de 1945 e A Nova Ordem Bipolar"



Ao exibir este trecho, o professor pode convidar a turma a refletir sobre como o fim da Segunda Guerra Mundial, longe de representar apenas a vitória sobre o nazifascismo, revelou também a dimensão mais sombria da humanidade. A destruição de Hiroshima e Nagasaki mostrou o poder devastador da tecnologia bélica moderna, enquanto a revelação dos campos de concentração nazistas expôs o alcance da barbárie política e ideológica. 



(15 minutos) Após a exibição, o professor pode propor questões como: 




  • De que maneira esses acontecimentos contribuíram para instaurar um clima de medo e insegurança no mundo?

  • Como os traumas coletivos de 1945 prepararam o terreno para a bipolaridade?

  • O objetivo é levar os estudantes a perceber que a Guerra Fria nasce, ao mesmo tempo, de uma esperança de reconstrução e de um profundo pavor diante da destruição e da intolerância.



Timecode 02: (14:30 a 17:19)



Este trecho apresenta diferentes processos revolucionários no chamado Terceiro Mundo que contestaram a hegemonia das potências vigentes, buscando a construção de autonomia política e emancipação frente ao antigo imperialismo.



TEMA PARA O TRECHO



“Revoluções Pelo Terceiro Mundo”



Após a exibição deste trecho, o professor pode conduzir uma discussão sobre como a Guerra Fria não se limitou ao embate direto entre Estados Unidos e União Soviética, mas se desdobrou em diversas frentes de luta no chamado Terceiro Mundo. A Revolução Chinesa e a Revolução Vietnamita são exemplos de movimentos que, ao mesmo tempo, contestaram o imperialismo europeu e passaram a se relacionar com a disputa global entre capitalismo e socialismo. Essa análise permite aos alunos compreenderem que a Guerra Fria também se expressou por meio da descolonização, da luta antirracista e do desejo de construção de novos modelos políticos.



Análise do trecho: (15 minutos)



? Pesquisar sobre o conceito de “Sul Global” e “Terceiromundismo”



? Compreender o processo de descolonização dentro do conceito de “terceiro mundo”



? Refletir sobre o papel de Ásia, África e América Latina no contexto da bipolaridade, problematizando a própria noção de “guerra fria”.



 



Timecode 03: (29:01 a 32:34)



Neste trecho é possível notar um exemplo prático da bipolaridade agindo sobre o mundo: a violência na Guerra do Vietnã e os movimentos sociais emergentes pelo mundo que adotaram uma postura combativa, contestando a guerra, suas razões e prerrogativas.



 



TEMA PARA O TRECHO



"A Guerra do Vietnã e os Movimentos Sociais"



Ao analisar este trecho, o professor pode destacar a Guerra do Vietnã como um dos símbolos mais evidentes da bipolaridade em ação: de um lado, os Estados Unidos intervindo militarmente para conter o avanço comunista na Ásia; de outro, o apoio soviético e chinês ao Vietnã do Norte. Mais do que uma guerra regional, o Vietnã tornou-se palco da disputa global entre os dois blocos. Entretanto, o filme também evidencia como esse conflito ultrapassou os limites militares e atingiu a esfera cultural e social, gerando movimentos de contestação no mundo inteiro — especialmente nos EUA e na Europa — que denunciavam a violência, o imperialismo e a lógica da guerra. O professor pode estimular os alunos a refletir: como a resistência vietnamita e os protestos estudantis, artísticos e políticos se tornaram parte da memória global da Guerra Fria? Assim, a análise do trecho permite compreender tanto a dimensão geopolítica quanto a dimensão social e cultural das disputas da época.



 



Análise do trecho: (15 minutos)



? Debater com os alunos: é possível vencer uma guerra em campo de batalha sem vencer uma guerra no campo político e midiático?



? Compreender o papel dos movimentos sociais pelo mundo boicotando a guerra do vietnã



? Refletir sobre as razões do movimento negro em criticar a guerra



 



 Análise de questões do ENEM sobre o tema abordado



 



Neste encontro os alunos deverão analisar questões do ENEM que abordam os temas discutidos no filme “Utopia e Barbárie”, utilizando os conhecimentos e debates das duas aulas anteriores como subsídio para resolver as questões e também analisando suas fontes.



As questões e os respectivos momentos do filme que se relacionam a cada uma, estão relacionados abaixo



 



CONCLUSÃO



Ao final desta sequência, os alunos terão compreendido que a Guerra Fria foi muito mais do que um embate militar entre duas superpotências. A partir da análise de trechos do documentário Utopia e Barbárie, foi possível identificar como os traumas do fim da Segunda Guerra Mundial e a revelação da barbárie nazista inauguraram um tempo de medo, mas também de reorganização global. O lançamento das bombas atômicas e a descoberta do Holocausto funcionaram como marcos que projetaram o ser humano diante de seus próprios limites éticos, instaurando uma atmosfera em que a destruição e a intolerância se tornaram referências para as disputas futuras. Dessa forma, a chamada bipolaridade pode ser entendida como um reflexo direto das condições do pós-guerra, estruturando-se sobre traumas históricos que moldaram a política, a economia e a cultura do século XX.



Outro aspecto central ressaltado pelo filme é que a Guerra Fria não se restringiu às fronteiras dos Estados Unidos e da União Soviética, mas se projetou para todo o mundo, especialmente sobre os países do chamado Terceiro Mundo em suas lutas pela construção de diferentes utopias. As revoluções na China, no Vietnã, na Argélia e no Congo, bem como as lutas de 1968, do movimento negro, da contracultura, da juventude estudantil no Brasil e de tantos outros movimentos sociais, exemplificam como os movimentos de independência e emancipação política dialogaram, de maneira complexa, com a disputa bipolar. Esses processos não podem ser vistos apenas como capítulos periféricos da história mundial, mas sim como acontecimentos que reposicionaram a geopolítica, tensionaram a lógica do imperialismo e abriram novos caminhos para os povos do Sul global. Para os alunos, compreender esses movimentos significa ampliar a visão sobre a Guerra Fria, percebendo-a não apenas como um conflito entre potências, mas como um fenômeno que reconfigurou o destino de povos, territórios e culturas.



É fundamental destacar a relevância dessas reflexões para a preparação dos alunos diante do ENEM e dos vestibulares em geral. A prova de Ciências Humanas exige que o estudante seja capaz de relacionar acontecimentos históricos com seus impactos sociais, políticos e culturais, analisando diferentes fontes, linguagens e contextos. A Guerra Fria, ao articular a corrida armamentista, os movimentos sociais, os processos de descolonização e as disputas ideológicas, torna-se um dos temas centrais para compreender a segunda metade do século XX e suas permanências no mundo atual. Assim, ao trabalhar com os documentários, os alunos não apenas assimilam conteúdos factuais, mas desenvolvem a capacidade de interpretar imagens, discursos e representações históricas, competências essenciais para a resolução das questões do ENEM, que privilegiam a leitura crítica de fontes e a articulação interdisciplinar do conhecimento.



 



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